Tradição!

Vai-se a Sesimbra em busca de praia ,da areia fina e branca, do bronze, dos banhos de mar, dos pescadores, vai-se em busca dos barcos que repousam nas águas calmas da baía e dos que vão e vêm do mar. Vai-se ao LOBO DO MAR em busca das sardinhadas, das caldeiradas,do bom peixe fresco do convívio com amigos.

Lobo do Mar

Olhar fixo no horizonte, o cheiro a maresia o guinchar alto das gaivotas que esperam por uma nesga de sorte, a baia que ao longe se avista em mais uma chegada a casa do velho lobo-do-mar. A casa junto ao mar refúgio incrustado nas rochas açoitadas pelas vagas repetidas. Nunca recebia ninguém, nunca visitava ninguém. Louco. Dizia-se.

Frescura na mesa!

Diariamente peixe fresco directamente do pescador, de qualidade e frescura superior todos os dias peixe fresquíssimo na nossa grelha e nos nossos pratos para que possa ter uma refeição com o que de melhor o mar tem para lhe oferecer.

História - Lobo do Mar

Homenagem

Com a remodelação operada no Lobo do Mar, emprestando ao nosso cliente e amigo um ambiente mais acolhedor e funcional, quisemos fundamentalmente homenagear duas figuras ímpares da história da nossa família.

O Avô Justino, singular pexito, herói dos mares e um dos mais célebres capitães de salva-vidas do país, conforme atestam as suas façanhas e biografia;
e a Ti Adelina, nossa mãe saudosa, a heroína que, por entre mares agitados, tantos ventos e marés, conseguiu erguer o velhinho Lobo do Mar e manter-se ao seu comando durante quase cinco décadas.

Uma palavra de saudade para eles e para o Pai Pedro Moleta e Mano Zeca, que o mar um dia arrastou consigo para o reino dos homens eternos.

Não queremos esquecer, também, todos os irmãos, que no passado e no presente, sempre deram o melhor de si para que o Lobo do Mar congregasse a fama da sua gastronomia e o sabor da sua história e tradições.

Aos nossos amigos e clientes de sempre, agradecemos a presença e reiteramos a firmeza de que o Lobo do Mar será sempre um restaurante de excepção, pela sua gastronomia e pela sua personalidade.

Lobo do Mar

Uma história com raízes

O avô Justino da Silva foi um dos primeiros banheiros a operar no distrito de Setúbal. Corria os anos trinta quando, por força da sua condição de Patrão de Salva-Vidas, ao serviço do Instituto de Socorros a Náufragos, foi destacado para a zona do Portinho da Arrábida.
Ali montou, nesse período, o seu primeiro serviço de banhos, que revelava já bastante qualidade, no que diz respeito às armações (sobretudo barracas) da época.

Anos mais tarde, com a extinção do serviço para o qual fora destacado, regressa, de armas e bagagens a sua amada Sesimbra.

Nessa altura, a sua primeira concessão na vila foi, curiosamente, frente ao Hotel do Mar, onde hoje pontifica o seu legado. O serviço de banhos passou ainda pela Praínha e, durante mais de trinta anos, na zona do porto de abrigo, na saudoso Praia do Ouro.

Após a sua morte, em 1952, foi a nora, Adelina Tavares (mulher do filho Pedro Moleta, outra figura incontornável da história de Sesimbra, dedicado atleta e dirigente do Desportivo) a pegar no leme desta embarcação. Hoje, nas memórias da família, não há dúvida de que terá sido a sua determinação, coragem e apego aquela actividade - bem como uma noção muito forte de génese familiar - que ‘aguentou’ o barco. E, mais tarde, passo a passo, a timoneira Adelina acabaria por revitalizar todo o serviço de banhos e actividades conexas.

Todo o desenvolvimento do negócio foi efectuado pelos bons ofícios da mãe Adelina Tavares. Ela corporizou, com enormes sacrifícios de uma vida integralmente dedicado à família e à actividade, melhorias significativas, quer no serviço de banhos, quer nos serviços de apoio, com a transformação paulatina de um barracão num restaurante, hoje dos mais conceituados na nossa vila.

Com a sofisticação do restaurante, o serviço de banhos passou a ser comandado pelo irmão Zeca, falecido nos mares de Sines, em 96, ao serviço de um rebocador da APS. Com sangue marinheiro nas veias, este neto do velho Lobo do Mar e filho da abnegada Adelina, melhorou significativamente a qualidade do serviço prestado. E foi ele que segurou a difícil e traumática transferência do serviço de banhos do porto de Abrigo para a praia em frente ao Hotel do Mar, em virtude da amplificação do porto de pesca, em meados dos anos 80. Com a fatídica morte do Zeca, seguiu-se-lhe, à frente da concessão, o irmão Bernardo, com a mesma dedicação.

Anos mais tarde, em 2001, deixa de estar entre nós a mãe Adelina, pouco depois de termos perdido igualmente o pai Moleta. A ausência da matriarca da família é um peso grande. No restaurante, em diversas etapas, os irmãos Fernando e Pedro e, mais tarde, Bernardo e o neto Pedro António, vão mantendo viva a alma do “Lobo do Mar”, com o envolvimento de todos os outros irmãos (pode parecer esquecimento, mas a tradição da família é colocar à frente dos negócios os rapazes) e alguns netos, que nunca quiseram vender ou passar o que quer que fosse para fora da família.

Convém dizer que o Avô Justino, pexito de primeira água, foi sempre um homem do mar - hoje imortalizado com o nome do restaurante Lobo do Mar – Empreendedor como poucos, foi proprietário de um lote de armações à valenciana e à vela, para além de sacadas. Foi também percursor na inovação, já que todos os registos indicam que foi o primeiro a introduzir na praça de Sesimbra uma embarcação a motor, a que chamou exactamente “Primeira de Sesimbra”.

Este espírito empreendedor em prol do turismo de Sesimbra está patente na relação que sempre procurou estabelecer entre a actividade piscatória e a concessão. Quase todos os dias, na época balnear, zarpava para a faina no mar, trazendo, na volta, o peixe com que preparava gigantescas caldeiradas para os banhistas da concessão. A caldeirada era preparada e servida em enormes caldeirões.

O velho Justino também introduziu na sua concessão os Charutos, barcos de apoio e lazer. E era igualmente conhecido por ensinar crianças a nadar.

Há muitos episódios a contar, que fazem parte da alma da concessão, mais tarde baptizada “Mar Lindo”.

Na velha praia do Ouro, no Porto de Abrigo, frequentada por uma clientela seleccionada, onde pontificava, entre muitos outros, os duques de Palmela e de Bragança, a família do Marquês de Monfalim, os almirantes Horta Rocha, e algumas outras famílias de renome sesimbrense, como os ‘lopes’ e os ‘palmela’, era comum lavar-se os pés aos banhistas e vesti-los com os seus roupões à saída da água, por razões de decoro que marcava a época.

Mas foi também uma praia de futebolistas, como o Eusébio, Adolfo, Toni, Simões e tantos outros. Ou de artistas, como a Hermínia Silva, Curado Ribeiro, Maria José.

Na época estival as areias finas da Praia de Ouro mostravam vida desde o nascer do dia até a altas horas da madrugada, com cantorias, jogos de praia.

De sublinhar que todos os filhos de Adelina Tavares e Pedro Moleta passaram pela experiência da gestão da praia, bem como vários netos, netas e bisnetos. Para os registos fica o facto de a primeira nadadora-salvadora ao serviço das praias de Sesimbra ter sangue Mar Lindo. A estreia da nadadora Benvinda, neta de Adelina Tavares, dá-se em 1986.

Mercê de uma gestão muito familiar do serviço e da procura da qualidade, pode dizer-se que o negócio da praia foi sempre muito regular, dada a fidelização dos clientes. Mesmo aquando da mudança do Porto de Abrigo para a vila, a esmagadora maioria dos banhista de sempre mantiveram-se fiéis à concessão e ao restaurante.

Contudo, nos últimos três, quatro anos, temos verificado um abrandamento significativo, de que é exemplo este último ano.

A bandeira azul é, infelizmente, um ícone. Não passa de um símbolo que, nos últimos anos, tem vindo a definhar-se em termos de credibilidade, pelo que não nos parece ter qualquer influência.

Os factores decisivos, para além do momento sócio-económico que afecta a economia em geral e as famílias da classe média portuguesa em particular, são questões endógenas, como a labiríntico trânsito, as dificuldades de estacionamento e, porque não dizê-lo alguma atrofia de parte da população para encarar o turismo como uma saída, a par da pesca, que faz parte e sempre fará do sangue que nos corre nas veias.

Esta praia é a mais segura do país. Uma bandeira do antigamente que a política de marketing da nossa vila deveria recriar. Basta ver a vida que as nossas areias revelam entre meados de Junho e meados de Julho, com centenas de crianças oriundas de escolas e infantários do concelho e zonas vizinhas, no nosso caso do Barreiro e Lisboa.

No caso da nossa concessão os relatórios de final de época perderam tempo. Os registos são escassos. Uma ou outra indisposição e pouco mais.

O que nos dá mais trabalho são as típicas picadas de peixe-aranha, em maré vazante, que se resolve prontamente no nosso apoio primário. Mas, sublinhe-se, dizem os entendidos, que a existência desta incómoda espécie nas nossas praias é sinal de qualidade das águas.

O nosso primeiro e maior objectivo é manter os negócios, praia e restaurante, entre os herdeiros., mantendo vivo o legado e a memória da família. E, sobretudo, nesse traço empreendedor, mostrar, por amor à terra que é nosso berço, que é possível fazer turismo de qualidade, pelo que pretendemos investir, paulatinamente, tanto no restaurante como no serviço de banhos.

Sabores com história

Uma história cheia de tradições e costumes de um povo de gentes do mar.